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Origens do Tarô: referências históricas do séc. 14 |
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Compilação
de Constantino K. Riemma |
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É para a Europa, especificamente
o norte da Itália, que devemos nos voltar
para encontrar as primeiras manifestações do jogo do
78 cartas que hoje conhecemos pelo nome de Tarot. E, a julgar pelos mais antigos exemplares conservados,
as mudanças sofridas ao longo do tempo foram muito menores
do que se poderia esperar: os quatro naipes conhecidos hoje são
os mesmos dos jogos italianos desde sempre: Copas, Espadas, Paus e
Ouros. Além das dez cartas numéricas, as figuras são
em número de quatro, para cada naipe: um rei, uma rainha (ou
dama), um cavaleiro e um valete. Restam ainda 22 cartas especiais
que, de certo modo, formariam um quinto naipe e que os documentos
italianos denominam de trionfi (trunfos)
e, os franceses, atouts, com o mesmo sentido
de trunfo, ou seja, de cartas que se sobrepõem
às demais. |
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Cada um dos vinte e dois arcanos maiores do Tarô permitem
paralelos com
Alquimia, Astrologia, Sufismo, Cabala,
Mística Cristã...
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Restaram inúmeras cartas de tarô
pintadas à mão, do século XV. São os mais
antigos legados históricos, que estão sob guarda de
museus ou em posse de colecionadores. |
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Registros concretos |
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Não se
sabe ao certo a origem das cartas do baralho
tradicional. Nem se pode afirmar, com certeza,
se o conjunto dos 22 trunfos ou Arcanos Maiores –
com seus desenhos emblemáticos –
e as muito bem conhecidas 56 cartas dos chamados Arcanos Menores – com seus quatro naipes – foram
criados separadamente e mais tarde combinados
num único baralho, ou se, desde seu
nascimento, tiveram a forma de um baralho
de setenta e oito cartas. |
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Tudo indica que as 56 cartas do baralho comum foram copiadas do jogo difundido entre os guerreiros mamelucos. Os autores da adição das 22 cartas, hoje denominadas "arcanos maiores" entre os tarólogos, permanecem desconhecidos. |
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Existe, no entanto,
um ponto de concordância entre a maior
parte dos estudiosos: raros imaginam que
se trataria de alguma manifestação
ingênua de “cultura popular”
ou de “folclore”. Ao contrário,
a abstração das 40 cartas
numeradas, bem como as evocações
simbólicas dos trunfos, permitem
associações surpreendentes
com inúmeras outras linguagens simbólicas.
Sugerem uma produção muito
bem elaborada, um trabalho de Escola. |
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Entre os
mais antigos exemplares, encontra-se o célebre
jogo pintado
para a família Visconti-Sforza,
de Milão, que pode datar dos anos 1430-50. |
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De outro
conjunto, conhecido por “Tarot
de Charles VI”,
restaram 17 cartas,
conservadas na Biblioteca Nacional de França,
que parecem datar da segunda metade do séc. XV. |
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A maior parte dos estudiosos considera os 22 trunfos – atualmente denominados "arcanos maiores" – uma criação do norte da Itália, como atestam as cartas do Tarot Visconti Sforza. |
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Já as dúvidas aparecem quando se trata do conjunto das cartas numeradas – atualmente conhecidas por "arcanos menores" ou "baralho comum" –, que teriam sido levadas pelos gurreiros mamelucos à Europa durante a Idade Média. Existem menções às "cartas sarracenas" em registros do séc. 14. Veja, por exemplo, o artigo: O Tarô Mamlûk. |
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A carta ao lado é do baralho sarraceno ou Mamlûk,
contemporâneo
ou pouco anterior ao Visconti Sforza. |
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[Museu Topkapi de Istambul, réplica por Aurelia-Carta Mundi, Bélgica] |
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Anteriores às
lâminas apresentadas acima, encontramos
apenas referências a um “jogo
de cartas”. É bastante citado,
nos estudos de Tarô, o relato de Johannes,
monge alemão de Brefeld,
Suíça: “um
jogo chamado jogo de cartas |
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(ludus cartarum) chegou até nós
neste ano de 1377”,
mas declara expressamente não saber “em que época, onde e por
quem esse jogo havia sido inventado”.
Sobre as cartas utilizadas, diz que os homens “pintam as cartas de maneiras diferentes,
e jogam com elas de um modo ou de outro. Quanto
à forma comum, e ao modo como chegaram
até nós, quatro reis são
pintados em quatro cartas, cada um deles sentado
num trono real e segurando um símbolo
em sua mão”. |
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Há outra menção, ainda no
século XIV, embora não tenha restado exemplar algum
das referidas cartas: nos livros de contabilidade de Charles Poupart,
tesoureiro de Carlos IV, da França, existe uma passagem que
declara que três baralhos em dourado e variegadamente
ornamentados foram pintados por Jacquemin Gringonneur,
em 1392, para divertimento do rei da França. |
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Variantes |
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Numa composição
diferente, com 50 cartas divididas em 5 séries
de 10 cartas cada, existem vários exemplares
do jogo chamado Carte di Baldini (c. 1465), também conhecido como Tarocchi de Mantegna, nome de um um importante pintor do norte da Itália
no séc. XV. |
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As 50 lâminas
do Tarô
de Mantegna (c.1465) têm um fino
acabamento gráfico.
Suas 5 séries de 10 cartas, porém,
não mantêm equivalência
nem com seu
contemporâneo Visconti-Sforza, nem
com o que hoje se denomina Tarô Clássico. |
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Alem de estruturas diferentes, exemplificada com o Tarô de Mantegna, existem inúmeros exemplos posteriores de acréscimo de cartas – como é o caso do I Tarocchi Classici – e também de cortes e supressões que acabaram por originar jogos reduzidos que se tornaram populares: Baralho Petit Lenormand, também conhecido como Baralho Cigano. |
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Estudos históricos |
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Estudos dos símbolos da Europa Medieval que se estendem até o Renascimento são muito elucidativos para quem deseja compreender a essência do Tarô, em particular dos arcanos maiores: |
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A escada mística do Tarô. Andrea Vitali oferece um belo e consistente texto que remonta às fontes medievais – cristãs e alquímicas – dos trunfos ou arcanos maiores. Uma referência segura para quem busca os fundamentos simbólicos das cartas, traduzida por Leonardo Chioda: História |
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A possível história das cartas de jogar. Bete Torii amplia o exame da origem do baralho e estabelece nexo com outros jogos tradicionais. Foi esse o conteúdo de sua palestra na abertura da Jornada com os Arcanos Menores, promovida de agosto a novembro de 2010: Origem e sentido |
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O herético no Tarô. Ricardo Pereira faz um levantamento das versões que cercam o surgimento do Tarô na Europa, a partir do Grande Cisma Cristão (1054), sua possível relação com os templários, movimentos esotéricos e as restrições clericais às cartas: O herético no Tarô |
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A Roda da Fortuna: princípio e fim do homem. Boécio e Ramon Llull, por Ricardo da Costa e Adriana Zierer. Um belo estudo acadêmico de História Medieval que revela significados ancestrais do símbolo da roda: Fortuna |
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História Moderna |
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Estudos sobre readaptações das cartas e tendências modernas de abordagem do tarô |
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A
estética do Tarô. Lívia
Krassuski trata do movimento Aurora Dourada (Golden Dawn) e dos baralhos
criados sob sua inspiração: Baralho Rider-Waite, de Arthur
E. Waite, o Tarô Thoth,
de Aleister Crowley e o Tarô
da Aurora Dourada, criado por MacGregor
Mathers. Em pdf, 13 págs., impressão
em 7 folhas A4: Ler ou baixar |
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Tarô, uma ciência que merece estudo, por Cláudio Carvalho. Expõe uma percepção do tarô e emite critérios para estabelecer o que designa como uma "ciência tarótica". Formato pdf, 107 KB, 4 págs. tamanho A4: Ler ou baixar |
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Atualização: fevereiro.14 |
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